Depois de um período de pelo menos cinco anos com aumentos acentuados nos preços, os imóveis rio-pretenses estão diminuindo o ritmo de valorização.
Os valores chegaram ao ápice em 2014 e, agora, começam a ficar estagnados. O crescimento nos preços desde 2010 foi superior a 50% em muitos pontos da cidade – no Eldorado chegou a 100% -, mas do ano passado para cá ficaram estáveis ou cresceram abaixo do que vinha acontecendo.
Um apartamento na Redentora, por exemplo, com três quartos, sendo uma suíte, em prédio com elevador custava R$ 180 mil em 2010. Em 2014, um imóvel do mesmo porte era vendido por R$ 300 mil, mesmo valor encontrado nesse ano. Aumento de 66,6% de 2010 a 2014. Já uma casa com três quartos no Jardim Vetorazzo, sendo um deles suíte, com copa e garagem foi anunciado por R$ 150 mil em 2010. Depois de cinco anos, teve alta de 80% e chegou a custar R$ 270 mil.
A cotação foi feita por meio dos Classificados do Diário. A notícia é boa para quem deseja comprar a casa própria, principalmente para quem dispõe de recursos próprios e não vai optar por grandes financiamento. “Mas é preciso saber comprar, pesquisando e analisando se o que está sendo pedido é realmente o que vale”, diz o corretor de imóveis Audinei Lopes Bonfanti. Os corretores de imóvel confirmam o momento de crescimento menor.
“Tivemos o ápice de preços nos anos de 2013 e 2014, porém neste ano registramos também uma desaceleração. Os preços estão subindo de forma gradual e mais devagar”, diz o diretor da regional do Secovi em Rio Preto, Alessandro Nadruz. A diminuição no ritmo, no entanto, não significa que os imóveis vão perder valor. Segundo Nadruz, as casas e os apartamentos devem ter alta dentro das regras do mercado. “Esperamos pouca elevação neste ano. A partir do próximo, de acordo com estudos, terá um aumento.
O que já está ocorrendo é que os imóveis com preços sugeridos acima do mercado estão se adequando.” Alguns fatores contribuíram para diminuir o ritmo. Entre eles estão o momento econômico do País, o aumento dos juros para financiamento e os diversos condomínios e residenciais lançados na cidade nos últimos anos. “O déficit residencial diminuiu um pouco e está ocorrendo muito mais oferta do que procura”, diz Bonfanti.
Alguns locais registraram crescimento de 2014 para 2015. Porém, muito abaixo do que vinha ocorrendo. Uma casa de três quartos no Cidade Jardim custava R$ 210 mil em 2010. Teve aumento de 19% em 2011, 8% em 2012 e 29,6% em 2013. De 2014 para 2015, o crescimento foi de 2,8%. O aumento geral, de 2010 para 2015, foi 71,4%. O único caso de redução no preço foi no Centro. Um apartamento de três quartos, armário embutido e em prédio com elevador custava R$ 340 mil em 2014. Neste ano, o preço está em R$ 335 mil. Comparado à 2010, a valorização foi de 67,5%.
Situação
De acordo com o Secovi, a situação de crescimento menor é nacional. Em todo o País os imóveis tiveram valorização e, no último ano, ficaram estáveis, com crescimento apenas de mercado. “Apenas alguns estados destoaram. Em cidades com porte parecido a Rio Preto, como Bauru e Ribeirão Preto, os cenários são semelhantes”, diz Nadruz.
Aumento de preço chega a 100% em 5 anos
Com o boom imobiliário vivido em todo o País nos últimos anos, alguns bairros de Rio Preto chegaram a valorizar em até 100% em cinco anos. Caso do Eldorado, na zona norte da cidade. Em 2010, uma casa com dois dormitórios saía em média por R$ 90 mil. No ano passado, um imóvel com as mesmas características custava R$ 180 mil. Mesmo preço que pode ser encontrado neste ano.
O levantamento foi feito por meio dos Classificados do Diário da Região e pelo site do Diarioimoveis com anúncios de casas e apartamentos com características semelhantes publicados no mês de fevereiro dos últimos cinco anos. Foram escolhidos dez pontos diferentes da cidade. Aspectos ligados à conservação e detalhes de cada imóvel não foram levados em consideração na pesquisa.
“Vários fatores influenciaram o aumento nos preços, como o aumento das classes C e D, as facilidades de crédito e os incentivos do Governo Federal na construção de novas moradias”, explica o diretor da regional do Secovi em Rio Preto, Alessandro Nadruz. “Com o Minha Casa Minha Vida ficou mais fácil comprar imóvel, por isso a valorização tão alta”, diz a corretora Marcia Elaine Faustino Moura. Segundo ela, em 2009, o valor do imóvel financiado pelo programa era de R$ 80 mil, com subsídios de até R$ 8 mil.
Agora, é de R$ 140 mil, com subsídios de até R$ 17 mil. Com isso, outros bairros populares também tiveram alta valorização. Casos do Solo Sagrado, que teve aumento de 77,7%, e do Jardim Nunes, com alta de 76,4%. No Solo, uma casa com dois dormitórios foi de R$ 85 mil para R$ 150 mil. No Nunes, o mesmo tipo de imóvel variou de R$ 90 mil para R$ 160 mil. Em todos os casos, os aumentos de valor foram ocorrendo ano a ano.
Depois do Eldorado, a maior valorização foi encontrada no Cidade Nova, 94,4%. Um apartamento com três quartos, sendo um deles suíte, elevador e armários embutidos, custava R$ 180 mil em 2010. Em 2014, o preço chegou a R$ 350 mil. No Vetorazzo, uma casa com três quartos, sendo um suíte, copa e garagem custava R$ 150 mil. Este ano está custando R$ 270 mil. Aumento de 80%.
Alguns condomínios da cidade, como o Parque da Liberdade e o Green Village também tiveram aumentos acima dos 80%. E bairros como a Redentora e a Imperial subiram seus preços acima dos 60%. Apenas em três locais foi constatado aumento de 2014 para 2015. No condomínio de apartamentos Green Park, um imóvel com três dormitórios, uma suíte, e armário embutido custava R$ 370 mil em 2014 e passou para R$ 400 este ano, aumento de 8,1%. Em relação à 2010, a variação foi de 49,2%.
Outro bairro com mudança foi a Boa Vista. Este foi o bairro que registrou maior aumento em relação ao ano passado. A variação de 2014 para 2015 foi de 15,6% para um imóvel com três quartos, varanda, copa e quintal. Desde 2010, o crescimento foi de 68,1%. O preço era de R$ 220 mil em 2010 e foi para R$ 370 mil em 2015. O último caso de variação em relação ao ano passado foi para uma casa no Cidade Jardim. Em 2014, o preço era de R$ 350 mil, contra R$ 360 mil em 2015.
Variação menor
Em locais onde os valores de imóveis já eram altos, a variação foi menor. Nos condomínios Damha 1 e Gaivotas, por exemplo, o aumentos nos preços foram de 30,7% e 36%, respectivamente. Em 2010, uma casa com três dormitórios, sendo pelo menos um suíte, escritório e churrasqueira custava em torno de R$ 650 mil.
Este ano, o preço está R$ 850 mil. Um imóvel do mesmo tipo no Gaivotas era anunciado por R$ 500 mil em 2010. Em 2014 e 2015, o preço era de R$ 680 mil. Nos dois casos, características como piscina, hidro, sauna, tipo de piso, entre outros, não foram levados em conta no momento da pesquisa.
Vender imóvel não é consenso
Se os especialistas são unânimes ao indicar a compra de um imóvel, o mesmo não acontece na hora da venda. O corretor Audinei Lopes Bonfanti, por exemplo, não acredita em queda nos preços dos imóveis, por isso, não indica a venda agora. “Neste momento, é melhor alugar e esperar um pouco. Imóvel é sempre um investimento seguro, ele não vai desvalorizar.
A venda só é indicada em caso da necessidade do dinheiro”, afirma. Já para a corretora Marcia Elaine Faustino Moura, a venda não pode ser descartada, principalmente pelas possíveis dificuldades que podem ser impostas em um futuro próximo. “Já passamos por um aumento de juros e não sabemos como vai ficar o cenário no futuro. Além disso, a oferta tende a ser maior do que a procura.”
No início do ano, o Governo Federal anunciou aumento nos juros para financiamento de imóveis. As taxas maiores são para casas de alto padrão, acima de R$ 750 mil. “Pela faixa de imóveis vendidos por meio de financiamento na nossa região, o impacto não será tão grande”, diz Nadruz. As taxas de imóveis do programa Minha Casa Minha Vida não passaram por mudanças.